Quando Jordi Bonet i Armengol sugeriu usar cortiça no pavimento na Sagrada Família, em Barcelona, responderam-lhe: «Só serve para vedar garrafas!» No entanto, o arquiteto responsável por continuar a icónica obra de Antoni Gaudí há muito que sentia o conforto da cortiça no seu próprio estúdio e não se demoveu. Encorajado pelas propriedades térmicas e acústicas da cortiça - de importância extrema para aquela obra - e pela expectativa de durabilidade e resiliência, ainda lhe acrescentou mais um argumento: o de ser um produto natural, em perfeita harmonia com a filosofia de Gaudí.
Entre os projetos mais recentes e diferenciadores, destaca-se o Terminal de Cruzeiros de Lisboa (Prémio Valmor 2017, nomeado para o Prémio Mies van der Rohe, 2019), do arquiteto João Luís Carrilho da Graça, cujas paredes e fachadas são compostas de um material inovador que combina betão com cortiça, resultando numa estrutura 40% mais leve e de incrível beleza.
Sem esquecer projetos tão mediáticos e impactantes quanto os pavilhões de Portugal da Expo Hanôver 2000, dos arquitetos Souto Moura e Siza Vieira, galardoados com Pritzker Prize, e da Expo Xangai 2010, do arquiteto Carlos Couto, distinguido com o prémio de Design pelo Bureau International des Exhibitions.
Em 2012, a dupla Herzog & de Meuron, também laureada com o Pritzker Prize, em conjunto com o artista plástico chinês Ai Weiwei, selecionaram a cortiça para a construção do Serpentine Summer Pavilion, em Londres.
Em todos os casos, a cortiça fascina os visitantes, pois é uma matéria-prima tão «interessante e misteriosa (…) com fortes mais-valias aos níveis do tato e do olfato», como refere Jacques Herzog.
Entre inúmeras referências de utilização das soluções da Corticeira Amorim em projetos de arquitetura encontram-se alguns dos mais conceituados espaços culturais do mundo, como o Museu Nezu, o Museu Gotoh, o Sanda Concert Hall e o Arie Korejiyo Hall, todos no Japão; o Museu Leonardo Da Vinci, em Milão, a Biblioteca Municipal Lope de Vega, em Madrid, e o colégio Pedro Arrupe, em Lisboa.
Exemplo disso é o projeto “One Two Three Swing”, desenvolvido para o prestigiado museu britânico Tate Modern, onde o coletivo de Superflex concebeu uma colossal instalação de cortiça para o Turbine Hall, no âmbito da Hyundai Commission. Ou a mega instalação de cortiça que ocupou o grande átrio do Pavilhão de Portugal, criada para o ArchiSummit 17, um projeto liderado pelo arquiteto Manuel Aires Mateus. Ou ainda o programa anual de arquitetura no verão do Centro Cultural de Belém, que cria, sob a batuta de grandes arquitetos, instalações efémeras em que a cortiça materializa espaços de grande criatividade, sensoriais, lúdicos, desenhados para o conforto e a fruição dos visitantes.
Ainda que a cortiça seja cada vez menos exclusiva das rolhas, a sua ligação histórica ao vinho é inegável. Não é de estranhar, portanto, que importantes caves e adegas a escolham como solução de isolamento, revestimento ou estética. Em Portugal, são referências a Quinta do Portal, de Siza Vieira, que recebeu o Prémio de Arquitetura do Douro 2010/2011, a LogoAdega, um projeto da equipa PMC Arquitetos no Alentejo, a Adega23, do atelier Rua, no distrito de Castelo Branco e Taboadella, um projeto do arquiteto Carlos Castanheira, no coração da região demarcada do Dão.
A arquitetura e a cortiça têm afinidades que remontam ao aparecimento do conceito de arquitetura orgânica. A maior referência nesta área, Frank Lloyd Wright, usou-a na sua obra-prima Fallingwater, no final dos anos 1930. O mais famoso arquiteto dos EUA era um entusiasta da cortiça e escolheu-a para revestir os pisos de alguns dos compartimentos do seu projeto mais reconhecido. A cortiça não só tornava as divisões da casa mais acolhedoras como também contribuía para a harmonia com a natureza – e este era um requisito superior da original construção edificada sobre uma cascata, em plena Reserva Natural de Bear Run (Pensilvânia). Fallingwater, uma das casas mais famosas do mundo, é hoje um museu que, desde a sua abertura ao público em 1964, já recebeu mais de 4,5 milhões de visitantes. Em 2019, a Lista do Património Mundial da UNESCO integrou a Arquitetura do Século XX de Frank Lloyd Wright – um conjunto de oito obras notáveis, incluindo a Fallingwater.
A Corticeira Amorim, em parceria com a Experimentadesign, lançou Metamorphosis, um projeto singular de investigação e desenvolvimento que reuniu dez dos mais reputados arquitetos e designers do panorama nacional e internacional (incluindo quatro vencedores do prémio Pritzker: Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, Herzog & De Meuron e Alejandro Aravena). De Metamorphosis, surgiram 10 projetos inovadores, de soluções para a construção a peças de mobiliário, que exprimem o potencial da cortiça. Com total liberdade criativa e o apoio técnico da Corticeira Amorim, o grupo concebeu propostas de vanguarda, muitas das quais já encontraram aplicação no mundo real, como é o caso do compósito de betão e cortiça utilizado no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, ou os cork tiles de Jasper Morrison aplicados no Campus Carcavelos da Nova SBE.
A versatilidade da cortiça está bem patente na coleção MATERIA – Cork by Amorim, lançada pela Corticeira Amorim, com curadoria da ExperimentaDesign. Uma coleção ímpar e diferenciadora que resulta da criatividade de reputados designers nacionais e internacionais – como Miguel Vieira Baptista, Raw Edges, Pedrita, Nendo, Fernando Brízio, Inga Sempé, James Irvine, entre outros – e das mais avançadas tecnologias de produção. O resultado é um conjunto de peças de cortiça de uso quotidiano, de design vincadamente de autor, surpreendentes e de fácil integração em ambientes contemporâneos.
A utilização da cortiça em espaços interiores é uma tendência mundial, abraçada já pela criatividade de alguns dos mais conceituados artistas. Jasper Morrison, Lars Beller e Daniel Michalik são alguns dos designers internacionais que encontram na cortiça um material de eleição para as suas criações de revestimentos e de mobiliário. Tom Dixon usou-a com mestria na materialização da sua visão do futuro. “Gardening will save the world”, um modelo que traz a natureza para dentro das cidades e promove a economia circular, um conceito e uma prática da Corticeira Amorim desde 1963.
Reputadas organizações com enfoque em materiais modernos e diferenciadores procuram na cortiça as soluções para o design mais inovador. É o caso da empresa londrina Established & Sons que, em conjunto com a Corticeira Amorim, testa frequentemente a aplicação de cortiça nas suas criações. Também espelho do interesse nesta matéria é a Vitra, que há muito integra a cortiça nas suas coleções, e, mais recentemente, a selecionou para palco de um dos mais relevantes programas expositivos itinerantes do Vitra Design Museum – a exposição Home Stories: 100 Years, 20 Visionary Interiors.
A Corticeira Amorim tem trabalhado com os mais importantes centros de design e arquitetura a nível mundial. Além da Vitra, são exemplos o Centre Georges Pompidou, o Domaine de Boisbuchet,o Royal College of Art, a Middlessex University, o Karslruhe Instute, a NABA - Nuova Accademia di Belle Arti, a Rhode Island School of Design e o Pratt Institute.