"A cortiça é um material com possibilidades notáveis. Um exemplo disto é a maneira como liga interior e exterior. A cortiça pode ser aplicada em ambientes interiores e exteriores que se estendem para lá da arquitetura. Através do uso contínuo do mesmo material, dentro e fora, interior e exterior integram-se e expandem o ambiente que habitamos. A cortiça cria a sensação de que o interior flui para o exterior perfeitamente intacto. Isto acrescenta uma nova dimensão à noção atual de continuidade entre interior e exterior, integrando-os através da sensação táctil.
Do ponto de vista arquitetónico, a cortiça é suficientemente sólida para ser estrutural, e a sua textura adequa-se a um material de acabamento que também funciona bem como isolamento. Com este material, é possível criar uma arquitetura completa. Não posso deixar de desejar, um dia, criar uma casa completamente feita de cortiça. Será geradora de uma fusão de novo material, espaço, função e experiência. Pensei que isto poderia tornar-se um sonho para um arquiteto. Criar um ambiente à nossa volta com várias formas de um único material específico.
Um material, a cortiça, poderá conectar a arquitetura e muitos outros aspetos do quotidiano gerando uma nova forma de integração. Um material que se metamorfoseia em algo que gera a coexistência da variedade e simplicidade, o que penso será certamente um novo método para criar um ambiente fértil para viver.
Acima de tudo, a cortiça é um material intemporal que liga passado, presente e futuro graças à sua sustentabilidade. Sem me referir a nenhuma arquitetura em especial, mas pensando num certo ambiente com um ciclo de vida muito mais longo, penso que a sustentabilidade inerente à cortiça permite às pessoas irem acrescentando alguns toques; melhorando aquilo que surge do material e da arquitetura, e que, por seu turno, se transforma numa ligação interdependente entre as pessoas e o meio que habitam.
Aquilo que liga a natureza, a arquitetura e as pessoas. Aquilo que liga passado, presente e futuro. Encontro essa possibilidade tão fértil na cortiça."
Sou Fujimoto