A Haselgrove, uma produtora australiana de vinhos premium, foi uma das últimas caves a comunicar a sua decisão de voltar a utilizar a rolha de cortiça, depois de algum tempo de experimentação com cápsulas de rosca (screwcap). Na base da alteração, a necessidade de ter um vedante que contribuísse para o correto desenvolvimento dos seus vinhos, alguns deles vendidos a cerca de 90 euros a garrafa.
Além disso, a alteração permitirá tirar partido do reconhecido fator de venda que a rolha de cortiça aufere na China, um dos maiores mercados mundiais em termos de potencial de crescimento do consumo de vinho. Segundo Ryan Kinghorn, CEO da Haselgrove, "A cortiça é o único vedante que permite posicionar o meu vinho como premium nesse mercado. (...) Para nós, a Corticeira Amorim tem sido líder na inovação da qualidade do produto, por isso, estamos confiantes na utilização de cortiça nas nossas garrafas de vinho, não só nos lotes que enviamos para exportação, como também para o que é destinado ao consumo interno".
Já em 2011, o produtor Klein Constantia, da África do Sul, decidiu regressar à cortiça para o seu Perdeblokke Sauvignon Blanc 2010, depois de três anos a utilizar cápsulas de rosca. O enólogo da marca à época, Adam Mason, resumiu esta decisão da seguinte forma: "Ao engarrafar com cápsulas de rosca estávamos a baixar a qualidade do vinho".
Na Austrália, a Rusden Wines, após cinco anos a recorrer a cápsulas de rosca, também decidiu regressar à cortiça. "Tornou-se claro que a cortiça é o melhor para os nossos vinhos", sintetiza o enólogo Christian Canute, acrescentando também que é a única forma de ultrapassar as questões de redução de aromas, que se verificava com os screwcaps.
Na Nova Zelândia, um histórico defensor dos vedantes artificiais, notam-se também movimentos semelhantes. Tony Bish, enólogo da Sacred Hill, considera que uma das principais vantagens da cortiça, face aos vedantes alternativos, é a segurança que apresenta para os vinhos que se destinam a longos períodos de conservação.
Bish reconhece que se assistiu, nos últimos anos, a uma evolução enorme no que diz respeito à qualidade das rolhas de cortiça e isso tem levado muitas marcas a considerar o regresso a esta solução natural.
Este upgrade em termos de qualidade final das rolhas de cortiça, que produtores e consumidores reconhecem e valorizam, foi liderado, a partir de finais dos anos 90, pela Corticeira Amorim. Desde esse período que começou a formar equipas internas de Investigação & Desenvolvimento (I&D) e investiu em tecnologia de ponta com o objetivo de assegurar a qualidade do produto. A título de curiosidade, a Corticeira Amorim dispõe de 16 cromatógrafos que permitem a análise química mais sofisticada do mundo e, só na última década, já investiu mais de 50 milhões de euros em I&D e Inovação.
Atualmente, a rolha de cortiça é reconhecida pelos principais críticos de vinho do mundo como o benchmark de qualidade. Na China, as sondagens referem que, praticamente, a totalidade dos consumidores de vinho associam as cápsulas de rosca a vinhos de baixa qualidade e, segundo um estudo da Tragon Corporation, 93% dos consumidores norte-americanos acreditam que a rolha de cortiça confere ao vinho um estatuto de qualidade.
Ainda no que ao mercado dos EUA diz respeito, segundo a consultora AC Nielsen, entre as 100 marcas de vinhos mais vendidas nos EUA, o valor médio de uma garrafa vedada com cortiça é 1,10 dólares mais alto do que as que têm vedantes artificiais, o que demonstra que a rolha acrescenta valor ao vinho, um ativo reconhecido pelo consumidor.