É na agitada Nova Iorque que a primeira loja física da Google ganha vida. Num contraste com o ritmo frenético da cidade e com os tons de betão, a cortiça foi o material eleito para o desenvolvimento de várias peças de mobiliário para a loja, devolvendo calma à Grande Maça e fomentando uma simbiose perfeita entre a Natureza e a Tecnologia.
Conversámos com Daniel Michalik, o designer responsável pela criação das peças de mobiliário, que revelou que a “cortiça foi uma escolha natural”, quer pelas suas credenciais em matéria de sustentabilidade quer pelo seu visual acolhedor.
A loja foi projetada por Reddymade, um gabinete de arquitetura de Nova Iorque, fundado por Suchi Reddy e para o qual eu trabalhei diretamente no desenvolvimento das peças de mobiliário, tendo a Google como cliente final.
Em relação ao porquê da cortiça, destaco três razões pelas quais a Google teve interesse em escolher seta matéria-prima como elemento central da sua primeira loja física. Em primeiro lugar, um dos principais objetivos era que este espaço alcançasse o status LEED Platinum - a certificação mais alta possível dentro do sistema de classificação de edifícios verdes de Liderança em Energia e Design Ambiental. Assim, a cortiça foi uma escolha natural, visto que é uma matéria-prima sustentável por natureza e que permitiu alcançar este objetivo.
Em segundo lugar, a gigante tecnológica estava à procura de um material que tivesse um caráter “amigável” e humanístico, sendo esta uma das características que sempre me atraiu neste material. Por fim, mas não menos importante, a cortiça foi utilizada na “zona de contextualização” do espaço, um lugar que tinha como objetivo ser uma “simulação” de um ambiente doméstico real, para que os clientes pudessem imaginar os produtos nas suas próprias casas. A cortiça tem uma qualidade de "folha em branco", na medida em que os visitantes podem projetar as suas próprias ideias ou experiências neste material.
Desenvolvemos móveis funcionais em grande escala em combinações de cortiça e carvalho branco americano. Das peças desenvolvidas, destaco móveis para um espaço de estar, incluindo um sofá, poltrona, uma poltrona redonda, mesa de centro, estante e mesinhas de cabeceira. Também desenhámos objetos para um espaço infantil, incluindo cama, tapete, estante, escrivaninha e cadeira. Por fim, desenhámos elementos para um espaço de "cozinha", incluindo um balcão com pia de cortiça, um bar, bancos de bar, etc. Tudo foi projetado e construído no nosso estúdio em Brooklyn.
Defendo a utilização de cortiça porque acredito tratar-se de um dos materiais mais saudáveis do planeta. A cortiça é um material saudável na perspetiva do sistema natural de saúde/renovação, na ótica do trabalho humano e do pagamento de salários justos a todos os envolvidos na cadeia de abastecimento e na perspetiva da saúde de quem utiliza objetos em cortiça.
Adoro o facto de que quando se trabalha com cortiça, quer seja agricultor, produtor ou designer, é necessário ter em conta todo o ecossistema. Como a cortiça é retirada de forma responsável, o material não é apenas extraído. O material é extraído da árvore, mas a árvore fica mais forte e saudável, beneficiando todo o ecossistema e biodiversidade que dependem dela. A sabedoria e a habilidade humana tradicional são respeitadas, de modo a que a cultura se fortaleça. A extração da cortiça e a própria matéria-prima são modelos a seguir que todos os humanos deveriam aprender para redefinirem as suas relações com os materiais.
Comecei a criar móveis e objetos em cortiça em 2005. Nesse mesmo ano, concluí o meu mestrado em Design de Móveis na Rhode Island School of Design e a minha dissertação de mestrado foi sobre novos usos da cortiça em móveis. No ano seguinte, apresentei o meu projeto de tese no Salone del Mobile, em Milão, e, desde então, o relacionamento com a cortiça tem vindo a ficar cada vez mais forte.
A Amorim Cork Composites é a parceira dos meus projetos de design de cortiça há muitos anos. Trata-se de uma empresa comprometida com a inovação e tem uma visão de futuro para o potencial de aplicações da cortiça em design e arquitetura, tendo um profundo respeito pela cultura, história e sabedoria incorporada na agricultura e indústria da cortiça.
Ainda, quer a Amorim Cork Composites quer a Corticeira Amorim são líderes mundiais na cortiça e estão na vanguarda da sustentabilidade e das preocupações humanas na indústria.
Fotografia: Paul Warchol e ©Daniel Michalik