Ama-se aquilo que se conhece. E por isso é tão importante passar a mensagem e dar a conhecer as características e o potencial da cortiça. Na Corticeira Amorim desde 2003, integrando a equipa de comunicação da Amorim Cork, Joana Mesquita é um dos rostos mais ativos nas ações de sensibilização e educação organizadas pelo grupo. A sua missão é dar voz à cortiça. Levar a crianças e jovens um conhecimento mais profundo desta matéria-prima única, da sua sustentabilidade e da sua importância para Portugal. Apaixonada pelo que faz, acredita que a cortiça fará parte do futuro destas gerações, e isso torna o seu trabalho ainda mais gratificante.
Já em 2004 recebíamos pedidos de visitas às nossas unidades, que surgiam de escolas e universidades. A maioria das visitas que recebíamos nessa altura eram técnicas, não só com ligação ao mundo da viticultura e enologia, mas também das áreas da hotelaria, economia, indústria e design.
Os pedidos começaram a aumentar, e em alguns casos pediam-nos que nos deslocássemos aos estabelecimentos de ensino para que pudéssemos abranger um maior número de alunos.
Para além do estudo da floresta em Portugal já fazer parte do programa de ensino, surgiu também o conceito das Eco-Escolas. O interesse na cortiça e na Corticeira Amorim aumentou. Infelizmente, as escolas dizem que nem sempre encontram abertura por parte das empresas no apoio a este tipo de iniciativa. Pois na Corticeira Amorim nunca foi assim. Sempre houve essa vontade de partilhar e expandir o conhecimento da cortiça, que conhecemos como ninguém. Ao mesmo tempo, e por questões de segurança, os jardins de infância e as escolas primárias não podiam visitar a produção no interior da fábrica e só podiam ser recebidos no Museu da Cortiça. Foi assim que em 2011 iniciamos as ações de formação nas escolas.
As iniciativas que desenvolvemos abrangem crianças e jovens de todas as idades desde o jardim de infância até à universidade. A decisão das escolas a incluir não foi nossa. Começámos por desenvolver ações com as escolas e universidades que nos contactavam. Começamos a ter cada vez mais pedidos e muitas vezes os professores, e os responsáveis pelos agrupamentos, pedem para repetir as ações em anos consecutivos uma vez que as turmas são diferentes. No caso das escolas do concelho de Santa Maria da Feira, os pedidos chegaram muitas vezes por intermédio dos pais de alunos que são também funcionários na Amorim.
Sem dúvida. As ações são pensadas segundo as faixas etárias. De uma forma geral, o objetivo é que aprendam o que é a cortiça como matéria-prima, a sua vertente sustentável e o que representa para Portugal. Levo sempre comigo um “Kit Educacional” com pranchas, traços com as rolhas brocadas, granulados e outros produtos da Corticeira Amorim, assim como artigos em cortiça, brochuras, livros, etc. Muito importante é também o foco na sustentabilidade e na circularidade. Por isso é dado um destaque especial à questão da reciclagem das rolhas!
Por exemplo, para os mais pequenos, dos 3 aos 5 anos, a linguagem usada tem obrigatoriamente que ser muito simples. Estes alunos do pré-escolar começam por visualizar o filme “David na Aventura da Cortiça”. No final faço algumas perguntas sobre o filme, falamos dos animais e das plantas do montado e das propriedades da cortiça. É uma experiência acima de tudo com uma vertente mais prática e sensorial. Pois eles gostam muito de tocar na cortiça. No final recebem um livro ou uma brochura com uma história e um “rolhinhas” (ponto de recolha de rolhas usadas para reciclagem) para levarem para casa e pedirem e explicarem aos pais porque é importante que reciclem as rolhas de cortiça.
Depois, temos alunos da primária, dos 6 aos 10 anos A linguagem pode ser um pouco mais elaborada porque já sabem ler. São a faixa etária mais recetiva nestas ações. Querem muito participar e dizer o que pensam, é muito divertido. Começam também por visualizar o filme “David na Aventura da Cortiça” mas já conseguimos falar sobre a floresta portuguesa, as espécies autóctones, as espécies em vias de extinção e a importância da reciclagem. Chamo-lhes sempre os “polícias das rolhas” porque as professoras contam que os familiares relatam a aula que receberam dos filhos, que são verdadeiros embaixadores da reciclagem das rolhas. Nas escolas do agrupamento de Ribeirão, em Famalicão, e no agrupamento de Santarém, as crianças pedem, por exemplo, aos restaurantes que lhes reservem as rolhas para levarem depois para a escola! Em algumas escolas os alunos participantes recebem um diploma pela sua participação na ação de reciclagem. No final recebem também o livro ou brochura com uma história e um “rolhinhas”. Em casos pontuais com a Câmara Municipal de Coruche fomos mais além e envolvemos técnicos ligados à apicultura, floresta e estudo das aves. Também são por vezes realizados trabalhos manuais utilizando rolhas provenientes da reciclagem.
Nas faixas etárias dos 11 aos 14 e dos 15 aos 17 começo por conversar com os professores para saber primeiro qual o objetivo final, e adapto a mensagem-chave e a linguagem ao grupo e ao meio social em que os alunos se inserem. Para despoletar o interesse dos alunos na cortiça começo muitas vezes por falar das aplicações “invisíveis” da cortiça que eles certamente desconhecem – surf, aeroespacial, futebol, moda, etc. – mas com as quais é mais fácil identificarem-se. Recorro aos meios audiovisuais e a referências que lhes sejam familiares. Nestas idades, recorro ao filme institucional e a uma apresentação em Power Point que expõe as diferentes aplicações da cortiça em diversas atividades profissionais. No final é importante garantir que todos saibam onde podem encontrar mais informação sobre a empresa – websites e redes sociais.
Finalmente, temos os cursos profissionais e as licenciaturas, e aqui cada pedido é tratado de forma diferente pois as áreas de estudo são diversas. Começamos sempre por fazer uma breve apresentação do universo da Corticeira Amorim, e depois entramos em detalhe na área pretendida. Em algumas situações recorremos às equipas comerciais e equipas técnicas nas diferentes áreas de negócio. Muitos estão interessados em saber quais os requisitos para trabalharem numa empresa como a Corticeira Amorim.
Em primeiro lugar, acredito no projeto e na empresa em que estou inserida e gosto muito do que faço! Gosto de pensar que estou de alguma forma a fazer a diferença na vida destas crianças e destes jovens.
Por vezes, contatamos com crianças com limitações físicas e de aprendizagem e é incrível ver o entusiasmo com que, mesmo com essas limitações, recebem o que lhes é dado. Recebo beijos, abraços e pedidos para regressar no dia seguinte. Chega-se a casa com o coração cheio.
No meu percurso escolar tive oportunidade de fazer várias visitas de estudo que ainda hoje recordo. Penso que teria cinco anos quando visitei uma empresa que fabricava livros. Trouxe comigo um carimbo personalizado com o meu nome e lembro-me de ter adorado a experiência!
Mais tarde, no liceu e na faculdade, contatei com profissionais de diferentes áreas e tenho memória não só das matérias apresentadas, mas acima de tudo de algumas mensagens importantes que recebi dessas pessoas que marcaram o meu percurso profissional. Questões como a aprendizagem de idiomas, a leitura, as pequenas experiências profissionais nas férias de verão, a importância da flexibilidade e adaptação ao que nos rodeia e o respeito pelo que foi feito antes de nós, mesmo que não estejamos sempre de acordo… Hoje em dia tento retribuir o que me foi dado.
Os mais pequenos têm pouco conhecimento do que é a cortiça. Começo sempre por perguntar em que é que Portugal é Melhor no Mundo. Falam sempre de futebol, mas nunca de cortiça… No final da apresentação repito a pergunta para ver se a mensagem passou (sorri).
Nos mais velhos, muitos ainda pensam que cortiça é exclusivamente rolhas e faz parte do passado. Adoro ver o seu ar surpreendido quando percebem que a cortiça fará provavelmente parte do futuro deles!
Os mais novos estão muito mais sensibilizados para a proteção do meio-ambiente e do planeta do que nós estávamos. A nós diziam-nos que tínhamos que deixar um mundo melhor para os nossos filhos. Eles dizem-nos hoje que o mundo não teria os problemas que tem se não fossem os homens, e que temos é de deixar filhos melhores para o nosso mundo. Este nosso projeto educativo contribui sem dúvida alguma para isso!