O prémio "Valorização e Sustentabilidade do Sobreiro e da Biodiversidade Associada", promovido pela CORTICEIRA AMORIM, vai ser atribuído a duas investigadoras do Plant Systems Biology Laboratory, pertencente ao Centro para a Biodiversidade e Genómica Integrativa e Funcional (BioFIG) da Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FFCUL), na próxima sexta-feira, dia 12, em Fátima, onde decorrem as XX Jornadas de Ambiente da Quercus.
Mónica Sebastiana e Maria Salomé Pais, responsáveis pelo trabalho "Micorrização de sobreiro - contribuição para a sustentabilidade do montado", vão ser distinguidas com o prémio no valor de 10 mil euros.
O trabalho vencedor nesta segunda edição do prémio "Valorização e Sustentabilidade do Sobreiro e da Biodiversidade Associada" incide sobre a utilização de micorrizas como forma de aumentar a taxa de sobrevivência de novos sobreiros e a regeneração do montado, sugerindo-se a inclusão de plantas micorrizadas em estratégias de reflorestação.
Este é o resultado de anos de investigação em micorrizas de espécies florestais portuguesas, como o sobreiro. Foi utilizada uma estirpe do fungo ectomicorrízico Pisolithus tinctorius - que, sendo colonizador primário, preferencialmente de raízes de plantas jovens -, é capaz de estabelecer micorrizas em solos muito degradados, com acidez extrema, baixa fertilidade ou níveis elevados de metais tóxicos (escórias de minas de carvão, caulino, minas de cobre). Consegue sobreviver e crescer em temperaturas entre 40 - 42º C, sendo a temperatura óptima entre 28 - 30º C. Estas características fazem deste isolado de P. tinctorius o fungo ideal para micorrização de plantas a utilizar em programas de reflorestação de sobreiro em solos degradados.
O prémio foi criado no âmbito da adesão da CORTICEIRA AMORIM à iniciativa europeia Business & Biodiversity e do protocolo celebrado com a AFN - Autoridade Florestal Nacional, o ICNB - Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, a QUERCUS e a WWF - World Wildlife Fund, com o objectivo de aumentar o conhecimento em matéria de valorização e sustentabilidade do sobreiro e da biodiversidade associada.
A aposta da CORTICEIRA AMORIM na Sustentabilidade do Sobreiro e da Biodiversidade Associada consubstancia-se ainda:
Notas:
1. Na natureza as plantas vivem em associação com fungos do solo. Esta associação, que se estabelece a nível das raízes, é extremamente antiga (400 milhões de anos), (Brundrett 2002) e encontra-se generalizada por todo o reino vegetal, verificando-se em cerca de 95% das plantas vasculares (Brundrett et al. 1996). Trata-se de uma associação simbiótica na qual a planta fornece açucares (produzidos na fotossíntese) ao fungo, que por sua vez transfere para a planta nutrientes do solo. Da associação dos dois parceiro (planta e fungo) resulta um novo órgão - a micorriza. Existem vários tipos de micorrizas, que variam de acordo com o grupo de fungos e plantas hospedeiras, apresentando características morfológicas distintas. Nos montados e florestas de sobreiro, tal como nas outras florestas de clima temperado, predominam as ectomicorrízas (ECM).
2. Existem duas razões fundamentais para considerar a inclusão de micorrizas em estratégias de reflorestação. Primeiro, as micorrizas são um componente fundamental dos ecossistemas naturais, interagindo com o solo, a micoflora, a fauna e a flora, e por isso devem fazer parte do ambiente dos solos reconstruídos. Segundo, devido aos inúmeros benefícios para as plantas, as micorrizas podem contribuir substancialmente para o sucesso do processo de reflorestação. O uso de fungos micorrízicos em sistemas de produção agrícola e florestal tem constituído uma estratégia para aumentar a produtividade vegetal reduzindo o impacte no meio ambiente.