A APCOR quis saber qual o impacto da COVID 19 no setor, e realizou um inquérito a todos os seus associados. Estas são as principais conclusões.
Chegou praticamente sem aviso e mudou radicalmente as nossas vidas. Enquanto o país atravessa um segundo confinamento, unimos esforços para travar a expansão do vírus, conscientes de que a recuperação económica só é possível se antes protegermos a saúde de todos.
Para seguir em frente, é preciso entender o que se passou. Por isso, a APCOR realizou um inquérito a todos os seus associados com o objetivo de avaliar o impacto da COVID 19 no setor da cortiça em Portugal. O questionário foi realizado em Julho de 2020, após o primeiro confinamento, e as suas principais conclusões permitem obter uma espécie de instantânea do setor nos meses que se seguiram à declaração do primeiro estado de emergência.
Primeiro dado: globalmente, o setor da cortiça em Portugal mostrou-se resiliente, com 95,6% das empresas a continuar a laborar e apenas três empresas a verem-se obrigadas a encerrar. De acordo com o inquérito, 67,7% das empresas declararam ter laborado normalmente, durante e após o estado de emergência. Ainda assim 12,2% declarava continuar com dificuldades após a retoma de atividade.
Segundo o inquérito da APCOR, 84,6% das empresas continuou a laborar com todos os seus colaboradores. Em contrapartida, 15,4% das empresas afirmou não estar a laborar com todos os colaboradores. Nestes casos, a baixa médica motivou 80% das ausências, sendo o regime de rotatividade a justificação para 20% das ausências.
Inquiridas sobre o impacto da pandemia no negócio uma esmagadora maioria (93,8%) refere que os efeitos do contexto global se fizeram sentir. Com efeito, quando pedido para comparar com o período homólogo, não restam muitas dúvidas: 29,5% refere que a pandemia está a ter um impacto negativo de 21 a 30% no negócio, 19,7% entre 11 a 20% e 18% entre 41 e 50%. Cerca de 13% das empresas inquiridas refere um impacto negativo no negócio acima dos 50%.
No capítulo das previsões, diferentes expectativas. Se 80,1% acreditava que, a partir de setembro, as vendas iriam reduzir, 11,8% esperava um impacto positivo, traduzido em aumento de vendas.
Questionadas sobre o recurso às medidas de apoio às empresas, lançadas pelo governo, menos de metade, 45,7%, respondeu não ter tido necessidade de recorrer a nenhuma. Ainda assim, muitas empresas recorreram efetivamente a esses apoios. Entre as medidas mais implementadas pelos associados, esteve o recurso a “moratórias de crédito e juros” (17,1%), a “linha de crédito às empresas” e ao “layoff simplificado” (ambas utilizadas por 14,3% das empresas). Relativamente à aplicação das medidas, os associados referem a “complexidade” (70,8%), os “prazos demorados” (56,9%) e os “montantes insuficientes” (36,9%) como os principais problemas dos apoios.
Embora a situação pudesse ser mais crítica, a verdade é que olhando para os dados, se verifica uma grande incerteza quanto ao futuro. No momento em que o questionário foi realizado, apenas 40% das empresas do setor da cortiça afirmava pensar não ter de recorrer a nenhuma medida no futuro. Teremos que voltar aos números para perceber se estas expetativas se confirmaram.