Eduardo Souto de Moura esteve em Lisboa, neste final do mês de maio, para estudar o local onde vamos poder experimentar a sua instalação site-specific de City Cortex. Vai surgir junto ao Tejo, onde a cidade e a sua arquitectura dialogam com o rio. Pensada para se relacionar com os lisboetas e os turistas de passagem, esta instalação interage com o público através da sua materialidade, oferecendo um espaço de pausa e encontro, protegido do ruído e da velocidade do quotidiano – uma maneira renovada de relacionamento com as paisagens urbanas actuais.
O trabalho do arquitecto Eduardo Souto de Moura tem já vários cruzamentos com a cortiça, uma matéria-prima que lhe é familiar, não só por ter nascido em Portugal, onde a sua utilização faz parte da cultura do próprio país, mas também porque a tem integrado na sua arquitectura. O desafio foi sempre ir além do seu uso comum – usada como material de isolamento térmico ou acústico, muitas vezes dentro de paredes, ou em revestimentos de pavimentos – para a trazer até ao primeiro plano, onde tem novos protagonismo e nobreza, reinventando o seu papel na arquitectura. Como afirmou numa das suas entrevistas: “A cortiça não é para ficar escondida. É para ficar à vista.”
São exemplos do seu trabalho com esta matéria-prima o puxador e o corrimão que desenhou para o projecto Metamorphosis (experimentadesign/Amorim, 2013), privilegiando o toque e a sensação agradável que se tem da textura da cortiça, ou o Pavilhão de Portugal, na Expo 2000 Hannover, um projecto partilhado com Álvaro Siza, onde blocos de cortiça no seu exterior medeiam a relação do público com a arquitectura.
Este ano Souto de Moura volta a idealizar um novo projecto centrado na utilização da cortiça de modo inovador, para o programa City Cortex.