Alexander von Vegesack é o fundador da Domaine de Boisbuchet, o reconhecido centro internacional de pesquisa em design e arquitetura, e um amigo e parceiro de longa data da Corticeira Amorim. No testemunho que aqui partilhamos conta-nos como foi o seu primeiro encontro com o mundo da cortiça, destacando as razões que estão na origem desta relação duradoura com a Amorim.
Quem me recebeu à entrada da Amorim foi Cristina Amorim, que me tinha sido simpaticamente apresentada pela Guta Moura Guedes, e que ao tempo trabalhava na Bienal EXD Lisboa. A Cristina mostrou-me a empresa - apaixonada, de coração aberto e extremamente curiosa sobre algum possível ponto de contacto ao (meu) mundo do design, arquitetura e museus. Ela apresentou-me à sua equipa em volta do Carlos de Jesus, às infraestruturas, mas acima de tudo à cortiça - porque eu nunca tinha conhecido, nem contactado, com as maravilhas deste material. Comecei a descobrir e a admirar a cortiça, muito porque comecei a compreender o negócio maravilhoso que esta família conduz.
A Cristina permaneceu minha parceira para os muitos projetos que se seguiram. Visitou-me no Vitra Design Museum, onde eu a apresentei ao CEO da Vitra, Rolf Fehlbaum, e onde também me começou a falar sobre cooperações nos workshops - e à volta deles - que eu tinha estabelecido em França. Aqui, na Domaine de Boisbuchet, rapidamente lançámos uma competição para produtos inovadores feitos de cortiça, que foi correspondida com várias centenas de candidaturas - algumas de designers de renome internacional.
A nossa amizade e as nossas conversas provaram-se inspiradoras para nós os dois, creio eu, e contribuíram para um esforço comum na substituição de materiais poluentes ao fazer-se uso das múltiplas propriedades da cortiça, especialmente da sua eficiência. Assim, continuámos a convidar designers e arquitetos, bem como empresas como a Renault ou a Corning para participarem nas nossas pesquisas e experiências com a cortiça nos workshops de Boisbuchet.
A Amorim esteve sempre connosco - compreendendo, criticando e agindo generosamente, como uma verdadeira amiga. Ao mesmo tempo, assumiu, claramente, responsabilidade numa perspetiva humanista muito superior.
Para começar, a Amorim reveste-se de uma tradição maravilhosa, característica dos portugueses, de se envolver, produtivamente, em outras culturas. Curiosa e empreendedora - e venturosa - a empresa lança internacionalmente o seu olhar para novas ideias e parcerias e convida o mundo a conhecer as riquezas da sua própria cultura. Destarte o sucesso prevalece, vezes e vezes sem conta, tentando novas técnicas e fórmulas, embora nunca perca a sua autenticidade.
Deste modo, a Amorim, não só abraça novos mercados para si mesma através de museus, universidades, artistas, designers e arquitetos, como também motiva outras indústrias, artes e ciências a optarem por novos métodos e formas de pensar inovadoras.
A sustentabilidade da produção de cortiça, que se foi provando continuamente durante séculos, é o oxigénio desta empresa, e faz da Amorim um modelo para as outras. No entanto, a responsabilidade inerente a uma gestão familiar da terra e das pessoas, é igualmente uma importante fonte deste empreendedorismo, de onde muitas vezes as ideias, os atos e os produtos são desenvolvidos de geração em geração. Ambas figuram juntas e encaixam perfeitamente enquanto exemplos de comportamento ecológico e social do tempo coevo, sobretudo no que toca a um enquadramento num contexto global e na consciencialização para longos períodos por um lado, e por outro, para atos que conduzem as condições natural e humana a um florescimento cultural. “Pensar global - agir local” - o mundo deveria encher-se destas compreensões.
Alexander von Vegesack, fundador da Domaine de Boisbuchet, France