Quando em 1870 António Alves de Amorim ergueu uma fábrica de produção manual de rolhas de cortiça, em Vila Nova de Gaia, estaria certamente longe de imaginar que decorridos 150 anos aquele gesto empreendedor seria o embrião do maior grupo de transformação de cortiça do mundo. Todavia, gerações sucessivas de colaboradores que sempre partilharam, defenderam e preservaram os valores da Corticeira Amorim tornaram viável essa extraordinária história repleta de desafios, obstáculos e conquistas.
Um produto de caraterísticas ímpares que até hoje nenhuma fórmula laboratorial conseguiu replicar: cada centímetro cúbico de cortiça contém cerca de 40 milhões de células! Uma matéria-prima 100% natural, ecológica, renovável, reciclável e reutilizável. Um material leve, impermeável e hipoalergénico. Um recurso orgânico elástico e compressível, isolante térmico e acústico, impermeável, flutuante e resiliente. Uma substância inimitável capaz de gerar valor social, ambiental e económico, com altas credenciais de sustentabilidade, e aliada do equilíbrio climático. Uma única tonelada de cortiça retém até 73 toneladas de dióxido de carbono!
Ora, perante tamanhos atributos, e observando os novos paradigmas de desenvolvimento sustentável, as crescentes preocupações verdes da sociedade e as inumeráveis utilizações possíveis dentro de um infindável conjunto de atividades, será fácil adivinhar a progressiva procura das diferentes indústrias por produtos, soluções e aplicações em e/ou com cortiça. Destacaria desde logo os laços umbilicais entre a rolha de cortiça e o vinho. Ano após ano ganhamos de modo consolidado quota de mercado aos intitulados vedantes plásticos, numa estratégia alicerçada na inovação, na performance e na sustentabilidade. Sublinharia depois o garantido aumento do uso da cortiça nas áreas da arquitetura, construção e design de interiores. Um posicionamento tanto mais sólido quanto mais sejamos capazes de enaltecer o seu visual apelativo, caráter sensorial e feição táctil, bem como o seu desempenho técnico que aporta bem-estar, conforto e longevidade. Finalmente, constituirá igualmente nossa prioridade investirmos tanto no desenvolvimento de novas aplicações, como na combinação da cortiça com outros materiais, reforçando aprendizagens, know-how e parcerias. O intuito é alargar o portfólio de produtos e soluções para além das hoje rendidas indústrias aeronáutica e aeroespacial, transportes, design, moda ou desporto.
Tal irrefreável demanda explica também o nosso Programa de Intervenção Florestal. Queremos participar no desenvolvimento da nossa floresta com um modelo que permita um melhor retorno económico, um ainda superior contributo ambiental e uma maior disponibilidade de matéria-prima capaz de alimentar o crescimento do nosso mercado. Aliás, iniciamos já novas plantações que esperamos venham a servir de inspiração a muitos outros produtores. Contribuindo, assim, para travar a desertificação de algumas zonas do País, para aumentar o sequestro de CO2 e para continuar a promover a biodiversidade da qual o Montado é um excecional exemplo. Um projeto liderado pela Corticeira Amorim que ambiciona nos próximos dez anos incrementar em 35% de produção de cortiça em Portugal.