Numa altura em que as preocupações com o ambiente são cada vez maiores, e estão cada vez mais na ordem do dia, é importante saber que em Portugal há empresas que se preocupam um pouco com estas questões e que trabalham justamente no sentido de proteger o ambiente.
Um desses exemplos é a primeira instalação de reciclagem de cortiça que existe no mundo e que se encontra em Mozelos.
A Marta Ventura, claro, foi até lá para saber ao certo o que é que se faz neste espaço.
Marta Ventura (MV): Se há coisa de que os portugueses se devem orgulhar é dos seus produtos de boa qualidade. Entre eles está a cortiça. Quem o diz é Carlos de Jesus, o director de marketing da CORTICEIRA AMORIM.
Carlos de Jesus (CJ): Não há cortiça em lado nenhum do mundo com a qualidade que a cortiça portuguesa tem, quer ao nível da produção do lado da floresta, quer, obviamente, do lado da transformação industrial. Não é por acaso que o líder mundial é dez ou onze vezes maior que o concorrente seguinte e isso tem que ver, obviamente, com a capacidade de entregar qualidade ao mesmo tempo que entregamos um produto natural.
MV: E assim que ouve falar em cortiça, se calhar uma das coisas de que se lembra são as rolhas.
CJ: 70% do valor acrescentado criado pela cortiça provém das rolhas, mas 30% provém de outros produtos. Toda uma infinidade de produtos que demonstram a facilidade que a cortiça tem em adaptar-se quer a novos produtos quer a novas situações e o facto de ser reciclável estende o ciclo de vida do produto em várias décadas.
MV: É na CORTICEIRA AMORIM que existe a primeira instalação de reciclagem de cortiça do mundo. Mas a reciclagem da cortiça acontece há muitos anos em gestos muito simples do quotidiano.
CJ: Os alfinetes para os caracóis dos meus avós muitas vezes eram postos numa rolha - isso é reciclagem de rolhas; isso é reutilizar as rolhas. O que nós estamos aqui a fazer é estruturar um processo de nível industrial para poder acomodar as quantidades de que estamos a falar - cerca de 12 a 13 mil milhões de rolhas, que todos os anos são utilizadas neste mundo - e trazê-las para um processo produtivo que vai uma vez mais estender o ciclo de vida do produto não por um ano ou dois mas por décadas!
MV: Sabe o que é que se pode fazer com esta cortiça depois de reciclada?
CJ: Material para moda - alguns dos designers mais conhecidos do mundo trabalham em cortiça e com cortiça -; material para a indústria aeroespacial; material desportivo - por exemplo, os caiaques Nelo, que também são os grandes vencedores dos jogos olímpicos de Pequim, têm cortiça, que é um elemento diferenciador, e venceram inúmeras medalhas nas competições.
São produtos tão diferentes como a própria capacidade que a cortiça tem de dar qualidade, de dar sustentabilidade a uma raquete de ténis de mesa, passando por pavimentos, obviamente, passando por material para a indústria automóvel, passando por canas de pesca...
MV: Desde que haja imaginação muitas são as coisas que se podem fazer com a cortiça reciclada. Uma matéria-prima natural que, ao ser devidamente reciclada, pode ser prolongada por várias décadas.
Ora aqui está uma área que dominamos - a cortiça.
Um produto de grande qualidade e que é duplamente amiga do ambiente ao ser reciclada.
Por isso, da próxima vez que utilizar uma simples rolha ou colocar uma mensagem num placar de cortiça, lembre-se que está a ser amigo do ambiente e também da economia do seu país.