O sobreiro é uma árvore perene da família das Fagáceas (Quercus suber), a que também pertencem o castanheiro e o carvalho. Existem 465 espécies de Quercus, principalmente em regiões temperadas e subtropicais do Hemisfério Norte. A cortiça extrai-se da espécie Quercus suber L.
O sobreiro pode ser semeado, plantado ou propagar-se espontaneamente, como acontece com frequência nos montados, graças às bolotas que caem no solo.
Apesar de ser uma árvore de folha perene, o sobreiro não se desenvolve de maneira uniforme ao longo do ano. No Inverno, a árvore entra num período de latência, durante o qual não produz madeira nem cortiça, reduzindo a sua atividade vegetativa ao mínimo.
O sobreiro cresce simultaneamente em duas direções: vertical e horizontal, resultando numa árvore robusta de porte majestoso.
O sobreiro é originário da Bacia do Mediterrâneo Ocidental, onde encontra as condições ideais para o seu crescimento:
Um sobreiro vive, em média, mais de 200 anos.
O mais antigo e mais produtivo sobreiro existente no mundo é o Assobiador, em Águas de Moura, no Alentejo. Plantado em 1783, este sobreiro tem mais de 14 metros de altura e 4,15 metros de perímetro do tronco. Em 2018, em representação de Portugal, o Assobiador foi eleito a mais bela árvore da Europa, no concurso “Tree of the Year”. Deve o seu nome ao som originado pelas numerosas aves canoras que abriga na sua ramagem. Desde 1820, já foi descortiçado mais de vinte vezes. Em 1991, o seu descortiçamento resultou em 1200 kg de cortiça, mais do que a produção registada pela maioria dos sobreiros em toda a sua vida. Só esta extração deu origem a mais de cem mil rolhas.
Para além de ser uma espécie muito resistente e de extraordinária resiliência, o sobreiro dá muito mais do que retira. Como escreveu o professor Joaquim Vieira Natividade, em 1950: “Nas condições tão frequentemente ingratas de solo e de clima do nosso País, o sobreiro é uma árvore preciosa... Nenhuma árvore dá mais exigindo tão pouco.
A Corticeira Amorim tem investido de forma significativa em parcerias com produtores florestais, prestigiadas instituições académicas e científicas nacionais e internacionais e autoridades locais, de forma a conseguir encurtar o primeiro ciclo de extração do sobreiro. Em curso desde 2013, o Projeto de Intervenção Florestal tem por objetivo procurar respostas e soluções para os principais desafios enfrentados pela floresta de sobreiro. Através do desenvolvimento e implementação de sistemas de irrigação melhorada é possível reduzir o primeiro ciclo de extração de cortiça dos 25 anos para os 10 anos.
Em cada descortiçamento, é possível extrair uma média de 40-60kg de cortiça por sobreiro.
O descortiçamento é o processo ancestral de extração da casca do sobreiro - a cortiça. Ainda hoje, este trabalho é feito por profissionais especializados, com uma precisão absoluta, recorrendo ao machado.
O primeiro descortiçamento, ou «desboia», ocorre quando o sobreiro tem 25 anos e o tronco tenha atingido um perímetro de 70 centímetros, medidos a 1,3 metros do solo. Os descortiçamentos posteriores são feitos com um intervalo de, pelo menos, nove anos.
Ao longo da sua vida, o sobreiro pode ser descortiçado cerca de 17 vezes, com intervalos de nove anos, o que significa que a exploração de cortiça durará, em média, 150 anos.
O primeiro descortiçamento chama-se desboia e dele obtém-se a cortiça virgem, que apresenta uma estrutura muito irregular e uma dureza que a torna difícil de trabalhar.
Nove anos depois, aquando do segundo descortiçamento, a cortiça, designada de secundeira, já tem uma estrutura regular, menos dura.
A cortiça destas duas primeiras extrações é imprópria para o fabrico de rolhas, sendo utilizada em aplicações para isolamentos, pavimentos, objetos decorativos, entre outros.
A partir do terceiro descortiçamento e seguintes obtém-se a cortiça amadia ou de reprodução. Só esta apresenta uma estrutura regular, com costas e barriga lisas, e com as características ideais para a produção de rolhas naturais de qualidade.
Não. Depois do descortiçamento, as pranchas são empilhadas em estruturas próprias e permanecerão ao ar livre durante pelo menos seis meses para que a cortiça estabilize. Este processo rege-se pelo cumprimento rigoroso do Código das Práticas Rolheiras.
Não. Os descortiçamentos são realizados manualmente e sem recorrer ao abate das árvores. Após cada descortiçamento, o sobreiro realiza um processo original de autorregeneração da casca, o que atribui um caráter excecionalmente sustentável à atividade de extração da cortiça.
Do sobreiro nada se desperdiça, todos os seus componentes têm uma utilidade ecológica ou económica:
Na Grécia Antiga, os sobreiros eram reverenciados como símbolo de Liberdade e Honra. Por isso, só os sacerdotes tinham permissão para cortar estas árvores.
Sim. Alguns estudiosos defendem que a existência dos sobreiros remonta há mais de 60 milhões de anos. Está cientificamente provado que os sobreiros resistiram ao período glaciar na bacia do Mediterrâneo, há mais de 25 milhões de anos. Em Portugal, onde existe a maior área de montado do mundo, foi descoberto um fragmento fóssil com mais de dez milhões de anos que demonstra a antiquíssima presença desta árvore no país.
No final de 2011, o sobreiro foi consagrado, por unanimidade da Assembleia da República, a Árvore Nacional de Portugal. Esta classificação está diretamente relacionada com a grande importância económica, social e ambiental que representa para o país. Cerca de 23% da área florestal portuguesa é constituída por sobreiros, que suportam a principal indústria do país, além de darem um contributo fundamental contra a desertificação social e de contribuírem sem paralelo para a preservação da biodiversidade associada ao montado de sobro.
A importância do sobreiro em Portugal é reconhecida desde o século XIII, altura em que surgiram as primeiras leis de proteção da espécie.
Em Portugal o abate de sobreiros é proibido por lei e cada sobreiro é identificado individualmente, de maneira a assegurar a sua absoluta rastreabilidade.